Antecipar pagamento das contas de início de ano é sempre uma boa alternativa, mas especialistas recomendam atençãoPara quem não resiste a um bom desconto, antecipar o pagamento das contas de início de ano é sempre uma boa alternativa. Será?Por mais tentador que seja o desconto, especialistas em Educação Financeira recomendam fazer uma conta bem simples antes de pensar em mexer no dinheiro que está guardado.A dica é diluir o percentual do desconto no número de parcelas e comparar se ele vai ser menor ou maior que o rendimento da sua aplicação - seja poupança ou um fundo de renda fixa.“Esta é a primeira conta básica que deve ser feita. O desconto realmente tem que ser muito vantajoso. Com a crise, todo mundo tem que ter um ‘colchão’ para emergências”, assegura a educadora financeira da DSOP Educação Financeira, Meire Cardeal.A análise deve ser feita baseada no tipo de investimento, como ressalta o também educador financeiro da DSOP, Rodrigo Azevedo. “É um jogo de números. Não é só olhar o desconto, mas ficar atento ao comportamento do seu investimento na economia”.Quem tem recursos na renda fixa, como planos de previdência privada, ou títulos do Tesouro Direto, por exemplo, que rendeu 14,5% no ano passado, precisa pensar duas vezes antes de mexer na grana. Os títulos tem pagamento garantido pelo governo proporcional ao volume investido e devem se valorizar mais. “A Selic (taxa básica de juros) pode chegar a 16% ainda este ano. É o tipo de investimento que não dá para mexer porque quanto maior os juros, maior o rendimento”, explica Azevedo. “Em época de crise, você precisa estar capitalizado”, recomenda.Calculadora Financeira - Início de AnoNo caso daqueles que estão com os recursos aplicados na poupança, qualquer desconto em torno de 10% já é vantagem. Isto porque, o rendimento foi de 8,15%, menor que a inflação. “Na poupança, o ganho do investimento é muito abaixo do desconto que dá para conseguir com o pagamento à vista”, compara.Mês carregadoJaneiro é um mês difícil para quem tem despesas como a matrícula escolar, lista de materiais, IPVA e ainda o carnê do IPTU. O impacto destas despesas já chegou no orçamento da administradora Luciara Pinheiro, que não vê outro jeito senão apelar para a poupança. “Consegui um bom desconto na escola do meu filho. Se eu pagar a matrícula até o dia 1º, a mensalidade com o módulo que custa R$ 1,5 mil, cai R$ 1,2 mil”, calcula.O desconto de 10% do IPVA para quem pagar a cota única até o dia 5 de fevereiro também animou Luciara. No entanto, ela vai optar por pagar o imposto parcelado a fim de não comprometer ainda mais o que conseguiu poupar.“Ocorreram recentemente vários cortes na empresa que eu trabalho. Estou com muito medo de ficar desempregada. Tento fazer esta capitalização para não ficar no sufoco e por isso não quero mais mexer no dinheiro que guardei”, afirma. “Tem que ser um desconto muito bom para que eu mexa na poupança”, acrescenta.DúvidaA empresária Joana Maltez também vive o dilema de aproveitar o não o desconto por antecipar o pagamento de impostos.As três contas – IPVA do carro dela e do marido, mais o IPTU – chegaram nos últimos dias. “Até o ano passado sempre pagávamos tudo antecipado independente de desconto para se livrar da dívida o mais rápido possível. Mas confesso que com esta crise a gente teve que ponderar mais os gastos”, lamenta.O desconto da cota única do IPTU, assim como o do IPVA, também é de 10%. “Diante disso, a gente deve optar por pagar o IPVA dos dois carros que é mais pesado e parcelar o IPTU, já que será possível dividir em até 11 vezes e o IPVA as parcelas se dividem no máximo, em três vezes”, explica.A administradora não pretende usar o dinheiro do ativo que mantêm para emergências. “Como a gente sempre se planeja antes para estas despesas, juntamos as sobras mensais do salário só para isso”, ressalta a empresária.Joana está conduzindo o orçamento familiar corretamente. Segundo a educadora financeira Meire Cardeal, é preciso preveras despesas do ano já planejando os gastos de época. Assim, as contas não ficam no vermelho e também não comprometem o “pé de meia” acumulado com muito suor. “Quem não fez uma programação durante o ano todo vai sofrer um impacto maior destes gastos sazonais. É preciso começar a economizar o quanto antes já pensando lá na frente”, recomenda.“Vale a pena se basear no quanto você irá gastar este ano com estas despesas e em cima disso, projetar um valor estimado que deve ser tirado todo mês já prevendo as despesas. A diminuição no impacto vai fazer a diferença”, aconselha.Fonte:http://www.correio24horas.com.br/single-economia/noticia/vai-pagar-como-se-o-desconto-nao-vale-a-pena-nem-mexa-na-reserva-correio-da-dicas/