Por: Reinaldo Domingos
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central promoveu na quarta-feira (22/09) mais um aumento da Selic, ou seja, a taxa básica de juros do país. Desta vez o aumento projetado foi novamente de 1 ponto percentual, indo de 5,25% para 6,25% ao ano, conforme esperado pelo mercado financeiro. O resultado prático da mudança é que o brasileiro tem que repensar investimentos e dívidas?
O primeiro impacto que todos abordam é na caderneta de poupança, que passa a ter retorno de 0,36% ao mês e de 4,38% ao ano, o que deve ser acompanhado por outros investimentos que tenha juros atrelados a Selic. Entretanto, os reflexos dessa mudança são em todo o mercado e, infelizmente, no dia a dia da população consumidora esses impactos são na maioria das vezes negativos e sentidos principalmente por aqueles que estão endividados. Ou seja, a maior parte da população.
Isso acontece porque, quando a taxa Selic aumenta, a tendência é que outras taxas de juros também aumentem. Ou seja, quem precisa fazer parcelamentos ou tem que fazer dívidas tendem a pagar juros maiores, pagando consequentemente uma conta maior.
E o resultado dessa alta pode ser ainda mais alto, podendo impactar também nas dívidas já existentes. Assim, imaginem os juros de cheque especial ou de cartão de crédito, por exemplo, que já são exorbitantes? Esses devem aumentar ainda mais.
A alta também impacta na realização de sonhos como o do carro novo e da casa própria, aumentando os juros de crédito da população, como empréstimos e financiamentos, complicando e limitando a capacidade de consumo. A orientação nessa hora é analisar bem as contas e começar a trabalhar para uma maior estabilidade financeira, não criando complicações futuras.
E esse processo passa por uma mudança de comportamento em relação ao uso e à administração do dinheiro, o que implicará no fim da era do consumo exacerbado e impulsivo. O momento é de muita cautela e precaução, pois a saúde financeira e a realização dos sonhos das famílias dependerão dessa conscientização. É preciso reestruturar o orçamento financeiro e assumir o controle da situação, antes que se torne insustentável.
Agora, como dito no começo, aos que não estão endividados e, melhor ainda, possuem o costume de poupar para realizar seus objetivos de vida, a alta da Selic é uma boa notícia. Além da poupança, ficam mais rentáveis as aplicações de renda fixa em que o rendimento é atrelado a essa taxa, como os CDBs pós-fixados, os fundos DI, as Letras Financeiras do Tesouro (LFT) e títulos negociados via Tesouro Direto.
É hora de repensar os investimentos, pois até pouco tempo atrás com a queda da taxa Selic a recomendação era para buscar linhas que não estavam atreladas a essa. Agora essa orientação muda. O que não significa que, quem tem um dinheiro em mãos para investir, deve colocar integralmente nessas modalidades.
Sempre lembro que a aplicação deve ser escolhida de acordo com o prazo do que você quer realizar com esse dinheiro: curto (até um ano), médio (de um a dez anos) e longo prazo (acima de dez anos). Em uma primeira análise, posso afirmar que, para investimentos de curto prazo, é bastante interessante colocar o seu dinheiro nestas opções. Lembrando que a tendência do juros ainda será de alta nos próximos meses, podendo chegar em um médio período de tempo a 10%.
*Reinaldo Domingos é PhD em Educação Financeira e está à frente do canal Dinheiro à Vista. Presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira. Autor de diversos livros sobre o tema, como o best-seller Terapia Financeira.