A ferramenta financeira do momento é o PIX que, em uma primeira análise, é uma grande evolução em nosso sistema financeiro, possibilitando pagamentos instantâneos que deve substituir o TED e o DOC. Mas vamos entender melhor esse tema.O PIX chegou com grande força, segundo dados do Banco Central, já foram registradas 159,38 milhões chaves cadastradas até janeiro. Se por um lado essa novidade amplia muito as opções de pagamentos e transferências bancárias, sem custos, bastando cadastrar uma chave no novo sistema para poder receber as transferências. Por outro lado, também existem riscos.O que mais me assusta é que essa é uma nova ferramenta para facilitar os gastos desenfreados. Lembrando que o PIX é bastante simples de utilizar pode incentivar ainda mais o consumo compulsivo da população, fato que já é bastante alto e leva milhões de consumidores ao endividamento. As pessoas terão que ter muito mais cuidado na hora das compras.O PIX, sem controle do correntista, pode ser o início de uma inadimplência ferrenha, sendo que ele é debitado diretamente na conta corrente e aí está o perigo de gastos descontrolados que levem ao cheque especial, que, simplificando, é um crédito pré-aprovado com taxas de juros que pode chegar a 8% ao mês, que são altíssimas.Assim, é preciso entender que o PIX se mal utilizado, pode desencadear uma maior inadimplência. O pressuposto de uma vida saudável financeiramente não pode ser embasado somente em fazer o cidadão pagar com mais e mais facilidades, devemos ficar atentos e proteger o dinheiro em nossas mãos, criando caminhos para potencializar a criação de reservas, e não de consumo.Também ressalto sobre pontos de preocupantes relacionados a golpes financeiros, que são simplificados com essa nova ferramenta, bem como os cuidados de segurança no uso de aparelhos de smartphones, com travas e maiores proteções, bem como cuidado em relação às senhas.Ou seja, a ferramenta é interessante, mas grande parte da população deve se atentar para um problema que vem ocasionado problemas já há anos que é a facilidade de uso de ferramentas financeiras e a falta de educação financeira. A modernidade é importante, mas ela precisa vir acompanhada de conhecimentos, para não termos reflexos não esperados dessas ações.Infelizmente nesse período de pandemia observo uma diminuição de conteúdos relacionados a educação financeira e aumento de formas de compras, assim, esta é a hora de potencializar ainda mais ideias como consumo consciente e sustentável.Reinaldo Domingos - Está à frente do canal Dinheiro à Vista. É PhD em Educação Financeira, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin – www.abefin.org.br) e da DSOP Educação Financeira (www.DSOP.com.br). Autor de diversos livros sobre o tema, como o best-seller Terapia Financeira.