Valores nas alturas e, ainda, gradualmente subindo. Demissão do presidente da Petrobrás, protestos nas BRs, discussão política e promessa de medidas para resolver o problema que tem assustado os capixabas: a inflação no valor dos combustíveis. O preço médio da gasolina comum no Estado passou de R$ 4,73 em 25 de janeiro para R$ 6,00 na última quarta-feira, 14 de julho, segundo dados do Monitor de Preços de Combustíveis da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz). Um aumento de 21,16% somente este ano. E os preços continuam subindo.
A Petrobras anunciou um aumento de 10,2% nas refinarias no último dia 18 o que impactou em muito no valor do combustível para o consumidor final. No Estado, cada município tem um preço diferente em função da distância de transporte e a quantidade de combustível que compra. Em Vitória, o preço médio da gasolina comum, calculado com base na tabela da Sefaz nesta quarta-feira (14) foi de R$ 5,95; em Vila Velha ficou por R$ 5,89 e em Cariacica por R$ 5,88.
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados e Petróleos do Espírito Santo (Sindipostos-ES) informou que não faz o monitoramento do preço dos combustíveis. Por nota, o Sindipostos-ES informou que, segundo o Monitor de Preços, o preço médio da gasolina C praticado pelos postos capixabas no dia 04 de janeiro de 2021 era R$ 4,71. Em 02 de julho deste mesmo ano, o valor era de R$ 5,81. Um aumento de 18,9%. Porém, o custo dos postos junto às distribuidoras teve um acréscimo maior, de 21%. O custo de aquisição passou de R$ 4,17 para R$ 5,28.
Rodrigo Lima Barcelos, 30, assessor parlamentar, diz que o aumento da inflação no valor do combustível o afetou de forma “brutal” o bolso do consumidor. “Meu salário não teve o mesmo reajuste do combustível. Hoje, diminui a frequência que visitava o meu pai, que mora em uma localização próxima a minha”, disse Barcelos.
Atualmente, o assessor utiliza o seu automóvel para trabalhar durante a semana e aos finais de semana, utiliza por lazer. Com isso, Barcelos gasta um pouco mais de R$ 1.000,00 por mês, somente com combustível. “Não ando mais à toa. Depois do aumento, saio apenas com destino. Estou deixando de fazer algumas coisas por ter um gasto alto com combustível. Economia, fazemos por opção e eu, infelizmente, não estou tendo escolha. Estou deixando de fazer por falta de recurso mesmo”, afirmou Barcelos.
Brian Oliveira, 31, auxiliar administrativo, disse que por conta da pandemia e do alto risco de infecção com a Covid-19, não tem a menor possibilidade em pegar um transporte público para ir trabalhar, porque estão sempre lotados e com as janelas fechadas. Diante disso, Oliveira opta por cortar outros gastos no seu dia-a-dia.
“Tenho que cortar outros gastos necessários, como reduzir ao máximo o consumo de energia em casa, água e tenho até mesmo procurado comida com preços mais em conta para economizar ao máximo”, relatou. O auxiliar administrativo gasta mensalmente em torno de R$ 600 com combustível.
Thiago Soares, 31, estudante, diz que o aumento do combustível pesou no salário em que recebe. “A inflação não para de subir. Quando não é no valor do combustível, são os alimentos ou o gás de cozinha que sobe”, relatou.
O estudante tem uma microempresa e faz a entrega com o seu veículo, o que também impactou no preço dos seus produtos para os clientes. Soares evita sair todo final de semana e prefere muitas vezes fazer um programa mais caseiro. Para o trabalho pensa na possibilidade em ir de bicicleta. “Ultimamente tenho cogitado a possibilidade de ir trabalhar de bicicleta. Mas, é preciso ressaltar que por mais que seja caro manter um veículo hoje em dia, o uso do automóvel agiliza muito no dia-a-dia”, disse.
Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), relata que o momento é de preocupação e que é hora de repensar nos hábitos de consumo, principalmente aos produtos que estão tendo aumento. “Existem levantamentos que apontam que cerca de 20% do que as famílias gastam são excessos. Cortando-os, não só se adequará a essa realidade de aumentos como também poderá poupar para realizar mais sonhos”, disse o presidente.
Para quem está preocupado com o orçamento, a recomendação é começar fazer minuciosos diagnósticos da vida financeira, listando no papel os ganhos e gastos; desde os menores aos mais expressivos. Domingos listou sete dicas de como economizar diante do aumento dos preços, que podem ser conferidas na tabela da matéria.
1. Economize ao utilizar o veículo. Nem sempre se necessita fazer tudo de carro ou de transporte público; andar pode ser saudável e econômico. Além disso, é importante manter o carro revisado para que imprevistos não estourem as finanças;
2. Em relação ao transporte, outro ponto importante é otimizar as viagens, buscando otimizar as saídas ou realizar rodízios com colegas de trabalho e amigos;
3. Os gastos de energia elétrica são um dos que mais apresentam excessos. Basta pensar em quanto tempo usa o chuveiro e quantas vezes deixa as luzes ligadas ou a geladeira aberta. Sem contar no uso de televisão e de computador;
4. Negocie pontos como conta de celular e internet, se for necessário busque a portabilidade. Reveja também pontos como TV a Cabo e Streaming, que muitas vezes não se usa e são gastos imperceptíveis;
5. A reciclagem de produtos também deve ser priorizada. Os desperdícios nas casas são muitos, sendo possível reciclar desde alimentos até roupas e materiais escolares, sem perder a qualidade;
6. Antes de ir ao supermercado, faça uma lista de compras e procure deixar as crianças em casa. Também tenha cuidado com as promoções; quantas vezes compramos o famoso “pague dois e leve três” e perdemos dois dos produtos;
7. Compare os preços quando for às compras. Seja online, em lojas, supermercados ou até restaurantes, é fundamental que se faça essa comparação, pois as variações são muitas.