A importância da educação financeira em tempos de crise

Artigos e Notícias
12/4/2016
Desde o início da crise política e financeira que o país vem passando, foi possível perceber que a falta de educação financeira e de planejamento nas famílias, aliada ao descontrole da inflação e ao aumento do desemprego faz com que o número de inadimplentes fique cada dia maior. Somente entre janeiro do ano passado e fevereiro deste ano, 3,4 milhões de devedores foram incluídos como negativados nos cadastros de serviços de proteção ao crédito.
Paulo Ucelli

Desde o início da crise política e financeira que o país vem passando, foi possível perceber que a falta de educação financeira e de planejamento nas famílias, aliada ao descontrole da inflação e ao aumento do desemprego faz com que o número de inadimplentes fique cada dia maior. Somente entre janeiro do ano passado e fevereiro deste ano, 3,4 milhões de devedores foram incluídos como negativados nos cadastros de serviços de proteção ao crédito.

De acordo com pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), o número absoluto de devedores com seus compromissos em atraso bateu a marca de 58 milhões de pessoas em fevereiro de 2016, o que representa 39,21% da população entre 18 e 95 anos.Algo que chama muita atenção na pesquisa é o aumento dos atrasos nas contas e serviços públicos essenciais, como energia elétrica e água. O aperto financeiro fez com que a capacidade de pagamento – até mesmo das contas básicas – fosse impactada, e a piora da economia junto com o aumento do número de desempregados pode fazer com que a inadimplência continue crescendo nos próximos meses.Veja o que fazer para evitar chegar à inadimplência e caso seu nome já esteja negativado:- Faça um levantamento de todas as suas dívidas vencidas e não vencidas, detalhando o valor total, o prazo para saldar (caso sejam negociadas), as taxas de juros, o valor das parcelas, enfim, todas as informações;- Relacione suas dívidas em ordem de prioridade e dê preferência às dividas essenciais (água, energia elétrica, gás, telefone, educação, etc.) e, em seguida, as que têm maior taxa de juros;- Faça um diagnóstico financeiro, anotando em um caderno ou agenda, por 30 dias, todos os seus gastos. Isso fará com que você enxergue principalmente as despesas que passam despercebidas e, a partir disso, poderá readequar seu padrão de vida;- Se você já estiver negativado, procure as empresas para negociação da sua dívida. Se você já está preparado para a negociação com a empresa, faça o acordo e pague à vista, pois seu desconto será maior. Mas, caso ainda esteja se preparando para a negociação, faça um orçamento e verifique se o valor da prestação cabe no seu orçamento;- Não tome decisões precipitadas, jamais faça um acordo sem ter a certeza que poderá cumprir com as mensalidades. Por isso, é de suma importância o diagnóstico financeiro (apontamento de despesas), pois fará com que você saiba exatamente onde está gastando mais dinheiro e visualizar possíveis desperdícios.Uma vez identificados os seus desperdícios, reduza ou até quem sabe elimine o que está fazendo com que você não consiga economizar dinheiro. Os ajustes nos gastos farão com que você saia mais rapidamente das dívidas.Mesmo que você ainda esteja endividado ou tenha renegociado, crie o hábito de poupar parte da sua renda mensal e inverta a ordem de primeiro gastar para poupar somente o que sobrar; acostume-se a guardar primeiro, ou seja, direcionar o valor necessário mensal para seus sonhos e, com o restante, pagar as contas, readequando o padrão de vida.Vale também avaliar a possibilidade de aumentar a sua renda com hora extra no trabalho, venda de produtos (coleção de cds ou livros para um sebo, roupas para brechó, etc.) ou serviços (aulas particulares, eletricista, coach, etc.). Mas lembre-se que a renda extra deve ser destinada para a quitação das dívidas ou para a realização de sonhos e nunca para fazer mais dívidas.Perceba que, com educação financeira e planejamento, fica mais fácil evitar a inadimplência e estar preparado para enfrentar os desafios desse período econômico conturbado.