A economia do passado ainda reflete negativamente em hábitos da nossa sociedade atual, mas agora a Educação Financeira nas escolas é obrigatória e promete lutar contra comportamentos que sabotam a sustentabilidade. Conheça os desafios para construir um novo modelo mental.
Por | Paulo Paquera
Desde 2020 a Educação Financeira nas escolas é obrigatória como tema transversal, sendo incluída na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) através de um projeto pessoal do Ph.D. Reinaldo Domingos.
Mas antes de começarmos a falar sobre Educação Financeira nas escolas, de fato, é importante contextualizar sobre o motivo dela ser de absoluta importância nos dias de hoje.
Voltando um pouco no tempo, nos anos 60 e 70, o país conviveu com uma inflação média anual de 38%, que já é considerada altíssima para os padrões modernos.
Avançando um pouco mais na linha cronológica, os anos 80 ficaram marcados pelo descontrole inflacionário, que atingiu incríveis 330% ao ano.
Não se dando por satisfeita, a inflação evoluiu atingindo o patamar de hiperinflação durante os anos 90.
Em um período de, aproximadamente, meio século, o Brasil teve 9 moedas oficiais diferentes. A inflação cavou um buraco fundo no peito da Pátria Mãe, deixando uma marca que perdura até hoje.
Naquele tempo, o dinheiro perdia o valor abruptamente, tirando completamente o poder de compra dos cidadãos.
O valor de um produto podia oscilar (sempre para mais), duas, três, até quatro vezes dentro de um mesmo dia.
O resultado disso foi o completo abandono de um planejamento financeiro de médio/longo prazo, o que é totalmente justificável, já que a realidade era “se não comprar agora, talvez não consiga comprar mais”.
As gerações que não viveram tempos econômicos tão obscuros foram ensinadas que o dinheiro foi feito para gastar.
Sendo assim, não aprenderam com seus familiares – pais, tios ou avós – a importância de poupar, investir e criar uma reserva estratégica financeira para o futuro.
Veja bem, a culpa não é deles, as condições da época exigiam tais comportamentos. Mas hoje, a situação econômica é completamente diferente e permite uma mentalidade diferente em relação ao dinheiro.
A responsabilidade por uma sociedade sustentável e realizadora está nas mãos de quem educa. Seja Pai, mãe, responsáveis e também dos professores.
Depois dessa introdução, mostrando um evento histórico que é diretamente responsável pela falta de Educação Financeira na sociedade brasileira, chegamos ao ano de 2020.
Sabe quando falam que as crianças são o futuro? Pois bem, são mesmo. Elas levarão adiante o legado do que aprenderem agora, dos ensinamentos que ficarem enraizados em suas mentes frescas e sem comportamentos viciados.
O Ph.D. em Educação Financeira, presidente da Associação Brasileira de Educação Financeira (ABEFIN) e idealizador da Metodologia DSOP, Reinaldo Domingos, colocou em prática um projeto pessoal, que objetivava levar Educação Financeira para as escolas.
Contando com o apoio determinante do Deputado Arnaldo Faria de Sá, o projeto foi levado à votação, foi aprovado e – de forma resumida – a Educação Financeira nas escolas é obrigatória.
Ela é um tema transversal que está inserido na Base Nacional Comum Curricular, a BNCC, portanto, precisa ser abordada nas instituições de ensino para consolidar uma base sólida, criando uma mentalidade sustentável na cabeça das crianças desde já.
O futuro começa dentro das escolas, quanto mais cedo as crianças entenderem a importância de cuidar bem do dinheiro, melhor para todos.
Formar cidadãos capazes de respeitar o dinheiro, viver dentro do padrão de vida, criar um planejamento e realizar sonhos, é o grande objetivo da Educação Financeira. Mesmo que mude a vida de apenas uma pessoa, o objetivo está sendo alcançado.
Para isso acontecer existem dois grandes desafios que precisam ser superados:
A primeira coisa que deve ser feita, é investir na capacitação acadêmica dos profissionais, como professores, coordenadores e, até, mesmo gestores da instituição.
A Educação Financeira é uma ciência humana, que muda a vida de quem aprende e apenas quem a vive, de fato, estará apto a ensinar da forma correta.
Outro ponto importantíssimo é a qualidade do programa e do material didático que sua instituição de ensino adere para ensinar Educação Financeira.
Não é correto ensinar uma criança e um adolescente com o mesmo livro, por exemplo, por isso, ter conteúdos adequados para cada momento da vida é a forma mais eficaz de criar um plano de crescimento e adaptação à nova mentalidade.
Por fim, de nada adianta ter professores capacitados, materiais didáticos excelentes se não houver a prática.
Os familiares precisam entrar na onda de aprendizado para incentivar a criança a manter-se firme no planejamento, para realização dos sonhos.
Ajudá-la a poupar seu dinheiro, e comprar algo que ela deseja com o cofrinho que ela mesma criou.
E aí, o que achou do artigo de hoje? Quanto antes a Educação fizer parte da vida de um indivíduo, antes ele se tornará capaz de fazer escolhas e planejamentos sustentáveis, para transformar a própria situação financeira em sucesso.