Por: Roger Dias
Via: Estado de Minas Economia
Crise econômica fez brasileiros apelarem em excesso para gastos com cartão, que se transformou no maior vilão das famílias
Pandemia do coronavírus, desemprego e inflação. No atual momento de crise econômica vivida por boa parte dos brasileiros, manter as contas em dia se tornou um desafio muito grande. E o cartão de crédito é um dos maiores vilões. Os juros altíssimos e a possibilidade maior de parcelamento levam o consumidor a ter maiores chances de se endividar.
Segundo dados divulgados pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o percentual de endividados no Brasil alcançou o maior patamar da série histórica em julho: 71,4%.
Nessa realidade o cartão de crédito se destaca como principal tipo de dívida, sendo apontado por 82,7% dos endividados. A CNC afirma que este meio de pagamento é mais difundido por facilidades de uso, mas também é o que oferece maior custo ao usuário, principalmente quando se torna crédito rotativo (empréstimo pessoal de curtíssimo prazo, em que parte do saldo devedor é rolada para o mês seguinte ao do vencimento).
Se muitos condenam o cartão de crédito por acreditar que ele é o único culpado pelas dívidas, ele na verdade pode ser um grande aliado na hora das compras. Para não ficar apertado com as contas, o presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, afirma que a melhor forma de evitar contratempos é se educar financeiramente, assim resolvendo o problema na raiz.
“Um dos maiores erros cometidos em relação ao cartão de crédito é pagar a parcela mínima. As taxas de juros cobradas são uma das maiores, o que acaba levando à inadimplência. Caso não consiga pagar a parcela total, procure outra linha de crédito que não ultrapasse 2,5% ao mês”, afirma o especialista, que dá várias orientações para o consumidor controlar os gastos com cartões.
• É preciso ficar atento para que o limite do cartão de crédito não ultrapasse 30% do salário ou ganho mensal, evitando assim gastar mais do que se ganha. Além disso, se tiver apenas uma fonte de renda, o ideal é ter apenas um cartão.
• Cuidado com o parcelamento. Com essa grande facilidade, o endividamento, infelizmente, acaba se tornando uma realidade. Nesse caso, é preciso ter o comprometimento para arcar com essa despesa durante os meses futuros.
• Negocie com a operadora a anuidade do cartão. Hoje, é possível encontrar cartões que não cobram nenhuma taxa de manutenção. Também nunca empreste o cartão de crédito à outra pessoa, mesmo que seja conhecida.
• Uma forma educada financeiramente de utilizar o cartão é saber aproveitar os benefícios que ele pode oferecer, sejam milhagens ou prêmios. Mas lembre-se que essas vantagens têm data de validade, portanto é preciso ficar atento para não perder os prazos.
• Caso não consiga pagar a fatura total do cartão no vencimento, faça, imediatamente, um diagnóstico financeiro e descobrir o verdadeiro problema. Além disso, busque uma linha de crédito com taxas de juros mais baixos.
• Evite compras por impulso. Com o bombardeiro diário de ofertas e oportunidades na mídia, muitas vezes os jovens se deixam levar e adquirem um serviço ou produto que nem sempre é necessário. Para que isso não aconteça, é preciso se perguntar antes de qualquer compra: "Eu realmente preciso disso?" "Eu terei como pagar a fatura no mês seguinte?" "Estou comprando por vontade própria ou me deixando levar pelas propagandas ou terceiros?".