Por: Juliana Barbosa
Via: Acionista.com.br
No último boletim Focus divulgado dia 16 de agosto pelo Banco Central do Brasil, a projeção é que a taxa Selic encerre o ano na casa dos 7,5%aa
A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. A cada 45 dias o Copom (Comitê de política monetária) se reúne e decide por diminuir, aumentar ou manter a taxa. Por se tratar da taxa básica de juros do país, ela tem impacto direto nas taxas de empréstimos, financiamentos e até nos rendimentos dos investimentos.
Vamos voltar um pouco no tempo e entender como a Selic vinha se comportando nos últimos meses e como ela vem impactando o mercado financeiro.
Há exatos 6 anos, em 2015, a Selic atingiu seu maior patamar. Estava em 14,25% aa. De lá para cá ela veio sofrendo cortes regulares, até que em agosto de 2020, juntamente com a pandemia do Coronavírus ela foi reduzida ao menor patamar da história. A Selic se manteve a 2%aa até o inicio de 2021. E nos últimos meses ela veio aumentando sucessivamente a cada reunião do Copom.
O objetivo maior da taxa Selic é controlar a inflação. Quando o banco central resolve diminuir a taxa, ele visa estimular o consumo e aquecer a economia, fazendo com que a inflação aumente quando ela está abaixo da meta. Já quando o banco central decide aumentar a taxa é com a intenção de desacelerar a economia, fazendo com que o dinheiro fique mais caro e as pessoas diminuam o consumo, na tentativa de conter a inflação.
E é justamente isso que está acontecendo. Nos últimos meses temos visto uma disparada na taxa de inflação, bem acima do teta da meta estipulada para o ano de 2021. A inflação (IPCA) do mês de julho foi de 0,96%, e já chega a 8,99% nos últimos 12 meses, bem acima da meta estabelecida pelo Bacen, de 3,75% ao ano. Isso, somado a outros fatores, levou a uma alta da Selic a 5,25% ao ano, com projeções de se chegar a 7,50% já no fim de 2021.
A Selic impacta diretamente a rentabilidade dos investimentos em Renda Fixa, além da Poupança e dos Títulos do Tesouro.
A poupança sofre os efeitos das mudanças na Selic, já que seu rendimento, por definição, está atrelado à taxa:
Já dentre os títulos públicos, o Tesouro Selic é o que sofre o impacto imediato com a variação na taxa. Ele é um tipo de investimento pós-fixado, de compra e venda de títulos públicos, que utiliza a taxa Selic para cálculo de rentabilidade. Por ser um título público e contar com garantias oferecidas pelo Governo, é considerado um dos investimentos mais seguros do mercado financeiro.
Mudanças na Taxa Selic impactam também o CDI (certificado de depósito interbancário), um dos índices de rentabilidade mais usados por investimentos de Renda Fixa. Então, quando a taxa aumenta, o CDI também se eleva. E quando a taxa diminui, o CDI acompanha.
CDBs, LCIs, LCAs, LCs são os investimentos mais comuns que usam o CDI como indicador de rentabilidade.
Esse cenário de alta na Selic traz oportunidades que podem ser interessantes para investimentos em ativos de renda fixa, que oferecem taxas mais altas para atrair os investidores. E títulos como estes garantem ao investidor não apenas um bom rendimento acompanhando os indicadores da economia, como a inflação e a Selic, mas também protegem o investidor da volatilidade do dia a dia.
Vale ressaltar que alguns ativos de renda fixa atrelados à Selic ou CDI continuam perdendo para a inflação do período. Contudo, o mais importante quando analisamos investimentos, é observar a dinâmica dos próximos meses.
De acordo com o Boletim Focus, a expectativa é que a Selic esteja em torno de 7,5% no final de 2021, enquanto a inflação feche em 7,12% – o que daria um retorno real praticamente nulo. Já em 2022, os juros devem continuar em 7%, para uma inflação em 3,87%, o que dará um rendimento real positivo para as aplicações mais conservadoras.
Seguindo as expectativas do mercado e as projeções do Boletim Focus do Banco Central, com a continuidade esperada para o ciclo de alta dos juros, a tendência é que o retorno dessas aplicações siga crescendo, enquanto a inflação vá sendo controlada.
E o mais importante é sempre está atento ao cenário econômico, e a diversificação da carteira. Não deixando todo o seu capital investido em um único ativo.
Juliana Barbosa é Economista e Educadora Financeira. Especialista em Finanças Empresariais, Gestão Bancária e Gestão Empresarial. Membro da ABEFIN – Associação Brasileira de Educadores Financeiros. Sócia-Diretora da Cifrão Educação Financeira. Franqueada Dsop de Educação Financeira.Instagram|Podcast