Veja dez passos para reverter essa situação
Por: Paulo Fabrício Ucelli
A crise afetou milhões de brasileiros e teve impacto direto nas contas das famílias, fato é que o endividamento dos brasileiros atingiu em setembro 74%, o maior desde 2010, quando a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) iniciou a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor.
Com certeza o momento vivido de pandemia e queda nos rendimentos potencializou esse crescimento, contudo, esse não é um fator isolado, pois as taxas já eram muito alta antes mesmo de 2020, o que demonstra que o problema dos brasileiros é crônico, fruto principalmente da falta de educação financeira.
"Ninguém esperava o momento vivido e ele é muito problemático, contudo, espero que as pessoas tirem aprendizados com essa fase vivida e um deles com certeza é a implementação da educação financeira em suas vidas de forma efetiva. Lembrando que esse conhecimento não remente apenas a contas", explica Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (ABEFIN).
Domingos complementa detalhando que "a Educação Financeira é uma ciência humana que busca a autonomia financeira, fundamentada por uma metodologia baseada no comportamento, objetivando a construção de um modelo mental que promova a sustentabilidade, crie hábitos saudáveis e proporcione o equilíbrio entre o ser, o fazer e o ter, com escolhas conscientes para a realização de sonhos".
As pessoas com dívidas podem estar em duas situações, segundo Reinaldo Domingos: endividado ou até mesmo inadimplente. Independentemente de qual seja ela, o especialista explica que é possível mudar de vez essa situação. "Ao longo de minha vida, já presenciei diversas situações que pareciam se solução e, acredite, todas elas conseguiram se reerguer", explica.
1. Se você possui diversas dívidas, mas ainda não está inadimplente, cuidado! A situação é bastante preocupante. Levante todos os valores e estabeleça uma estratégia para que continue adimplente. E lembre-se, estar endividado nem sempre é um problema; o problema é quando não se consegue pagar esse compromisso;
2. Se já estiver inadimplente, antes de sair negociando, tenha total conhecimento de sua situação. Faça um diagnóstico financeiro, registrando o que ganha e o que gasta, e conheça o seu verdadeiro "eu financeiro";
3. Faça um apontamento de despesas diárias, separado por tipo de despesas, durante os próximos 30 dias. Esse é o caminho para que fique tudo mais claro. Somente assim poderá cortar gastos e reduzir excessos;
4. Muitas vezes, é importante dizer "devo, não nego, pago, como e quando puder". Nunca se deve procurar o credor (pessoa ou instituição para quem se deve) antes de ter domínio completo da sua situação financeira;
5. A portabilidade é uma das ferramentas para reduzir o endividamento, portanto procure por linhas de créditos mais baixas. Porém, é importante frisar, isso não resolve a causa do problema;
6. No planejamento para pagar as dívidas, priorize as que têm os juros mais altos. Geralmente são as de cartão de crédito e cheque especial;
7. Antes de pagar as dívidas, é preciso reunir a família (inclusive as crianças), apresentar o problema e discutir as alternativas. Saiba que, para pagar as dívidas atrasadas, terá que repensar o seu padrão de vida, pois a sua força de pagamento será reduzida nos próximos meses, com o início do pagamento das parcelas;
8. Na hora de negociar, se for parcelar as dívidas, tenha certeza de que cabem em seu orçamento;
9. Não existe uma porcentagem exata do quanto terá que direcionar para pagar suas dívidas, isso dependerá do diagnóstico financeiro feito previamente;
10. Além de pagar as dívidas, procure guardar dinheiro para uma reserva estratégica. Mesmo endividado, inicie o projeto de vida de ser independente e sustentável financeiramente. E não se esqueça: é preciso respeitar o dinheiro e entender que ele é um meio e não um fim.