Via: Catraca Livre
Quando você tem um sonho, precisa saber o quanto ele custa
Vários são os fatores para realizar uma pós-graduação no exterior: estudar em escolas de excelência e com os melhores professores do mundo, viver num ambiente multicultural, conhecer gente de outros países, dar um upgrade no currículo… Seja qual for o seu motivo, para encarar essa experiência é preciso muito planejamento, principalmente, financeiro. Um ano de pós em uma instituição renomada dos Estados Unidos, em geral, costuma custar mais de US$ 60.000, levando em consideração os gastos com mensalidade, moradia e alimentação.
Mas, calma, é possível sim, juntar dinheiro. O Estudar Fora entrevistou especialistas e lista a seguir o passo a passo para você se organizar financeiramente para este sonho:
O educador financeiro Reinaldo Domingos, autor do livro Terapia Financeira, explica que o ponto de partida é definir um objetivo claro antes de assumir qualquer tipo de compromisso. Tenhas as seguintes perguntas em mente:
Com essa especialização/mestrado/MBA eu vou ganhar melhor, ter outro cargo, ir para outra empresa, melhorar meu currículo para ter novas oportunidades no mercado de trabalho?
Depois de responder, lembre-se que “quando você tem um sonho, você precisa saber quanto ele custa”.
Faça um diagnóstico financeiro minucioso
Domingues também sugere que se faça um diagnóstico financeiro preciso.
É possível identificar onde está o excesso de despesas e tentar poupar este dinheiro. Parece pouco gastar R$ 50 por final de semana em um restaurante. Mas, se você deixar de ir, ao final de um mês terá poupado R$ 200 e de um ano R$ 2.400
“A partir daí, é possível identificar onde está o excesso de despesas e tentar poupar este dinheiro. Por exemplo: parece pouco gastar R$ 50 por final de semana em um restaurante. Mas, se você deixar de ir, ao final de um mês terá poupado R$ 200 e de um ano R$ 2.400”, afirma. É preciso identificar e quantificar o seu esforço de poupança, ou seja, quanto você está disposto a se esforçar para juntar dinheiro.
O planejamento precisa ser feito na moeda do país. E, como a maior parte dos destinos utiliza o dólar, André Massaro, consultor e palestrante especializado em investimentos, finanças pessoais e tomada de decisão e ex-professor do Instituto Educacional BMF Bovespa, alerta sobre a importância de levar em conta o risco cambial. Com o dólar acima de R$ 5, se você não se planejar com antecedência e cuidar para não comprar o dólar a preços exorbitantes, seu projeto pode ser inviabilizado.
O valor total a ser gasto depende do país escolhido, tempo de permanência e escola. E mais: é bom ter em mente que os valores normalmente são reajustados de um ano para outro. Veja o preço médio de uma pós-graduação em alguns dos destinos mais procurados pelos estudantes:
Um curso na Universidade de Columbia, em Nova York, custa por ano, em média, $53,000, sem contar despesas com aluguel. Incluindo moradia e outros custos, este valor aumenta para US$ 65.000. Agora, se o seu destino for a Universidade de Stanford, na Califórnia, somente o valor do curso será de US$ 65 mil por ano.
Inglaterra
Um mestrado na Universidade de Oxford custa, entre £24.000 e £34.000 por ano.
A boa notícia vem de Singapura. O Ministério da Educação do país subsidia o estudo de todos os alunos aprovados na Universidade Nacional de Singapura, mesmo que internacionais. Vale lembrar, no entanto, que existem taxas subsidiárias a serem pagas, e que o custo de vida pode chegar a US$ 1.310 dólares por mês.
Austrália
Uma pós graduação na universidade de Melbourne, na Austrália, custa aproximadamente 46.000 dólares australianos.
Os especialistas alertam: não basta financiar o curso, mas é preciso ter sustentabilidade enquanto se vive no exterior. Ou seja, além do valor do curso, é essencial estimar valores de moradia, transporte, alimentação, plano de saúde, despesas com vistos, passaportes e eventuais taxas extras cobradas pelas universidades.
Os especialistas concordam: planejamento é fundamental e, o quanto antes você começar, mais fácil será. Samy Dana, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), esclarece que é importante planejar-se “de trás para frente”. “O certo não é juntar o que sobrar, mas é gastar o que sobrar”, diz.
“Se eu tenho 20 meses para guardar US$ 20.000 dólares, terei que guardar US$ 1.000 por mês e sobreviver com o resto. Fora que, neste caso, não dá para contar muito com os juros, já que o prazo é pequeno”, explica. Se não for possível juntar este dinheiro no prazo estipulado, as saídas são duas: ou você adia o sonho para o ano seguinte para ter mais tempo de economizar ou você busca alternativas para aumentar sua renda.
Um ponto básico antes de pensar em qualquer investimento, é sempre se planejar na moeda do país. Por isso, os especialistas sugerem investimentos ligados ao dólar ou à moeda do país. Eles alertam: nem pense em juntar o dinheiro em casa, já que isso não gerará qualquer tipo de rendimento.
A primeira possibilidade é investir em fundos cambiais. Mas lembre-se de conferir se estes fundos estão atrelados à moeda que você tem interesse. Massaro explica que são fundos de investimento normais, mas que investem em ativos financeiros em dólar. Ou seja, são títulos de renda fixa emitidos em outras moedas estrangeiras, tais como CDB e Títulos do Tesouro Direto. É um tipo de investimento disponível em bancos e instituições financeiras, que não tem prazo mínimo para resgate, mas tem taxa de administração. No entanto, mesmo com essas taxas, vale a pena.
Se você tem medo que o dólar dispare, comprar unidades de contrato no mercado futuro de dólar protegerá o seu investimento da variação cambial
A outra opção é negociar no mercado futuro dólares. Os contratos são chamados de “dólar mini”. Cada contrato custa US$ 10.000, e eles servem para proteger seu investimento das variações cambiais. Dana explica: “Se você tem medo que o dólar dispare, comprar unidades de contrato no mercado futuro de dólar protegerá o seu investimento da variação cambial, já que isto é uma forma de fazer hedge” (ou seja, de proteger o dinheiro da alta da moeda), explica.
No entanto, André Massaro ressalta que é preciso ter conhecimento do mercado financeiro para realizar esse tipo de investimento. Portanto, não hesite em buscar ajuda de um especialista (o gerente do banco, por exemplo), caso esta seja a sua opção.
Depende. Atualmente, existem diversas opções de financiamento para quem quer sair do país e estudar no exterior. Portanto, antes de pensar em pagar, pense se você é elegível para uma dessas bolsas.
Além disso, existem diversas organizações que oferecem bolsas de estudo por mérito, como é o caso da Fundação Estudar e da Fundação Lemann. Veja aqui uma lista completa de onde obter apoio.
Há instituições que não fornecem bolsas, mas realizam empréstimos. A vantagem é que, ao final do curso, você paga apenas a correção monetária do valor recebido, e não os juros.
Outra possibilidade é buscar financiamento junto às próprias universidades. Além dos juros serem mais baixos e do prazo para pagamento ser muito maior (em alguns casos chega a 30 anos), pode-se começar a pagar mais tarde.
Este texto foi publicado originalmente no portal Estudar Fora, da Fundação Estudar.
Via: Catraca Livre